
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DO FARMACO
22/04/2011 19:11
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
Objetivos:
- Identificar as principais vias de administração de fármacos
- Descrever as vantagens das principais vias de administração
- Descrever as desvantagens das principais vias de administração
- Descrever as técnicas para os pacientes
Introdução:
Com algumas exceções, não conseguimos administrar um fármaco diretamente no tecido em que desejamos que ocorra a ação do mesmo (tecido suscetível). Ele chega primeiro à corrente circulatória e depois ao tecido desejado, ou entra em contato primeiramente com um tecido intermediário denominado receptáculo e que pode ser, por exemplo, um músculo. Daí o fármaco distribui-se em tecidos indiferentes, onde fica armazenado e não tem ação; vai ao tecido suscetível, onde realiza sua ação farmacológica, entra em contato com o tecido biotransformador onde sua estrutura química é modificada; e depois vai ao tecido emunctório e sofre excreção.
A biodisponibilidade de um medicamento depende da via de administração e da formulação farmacêutica disponível. Formulação farmacêutica e via de administração são associadas entre si. Além disto, ambas podem ser fatores importantes na adesão do paciente ao tratamento.
Conceito:
Chama-se via de administração o local onde o fármaco entra em contato com o organismo.
Classificação:
As vias de administração podem ser classificadas em:
VIA ENTERAL - oral
- sublingual
- retal
VIA PARENTERAL - intravascular + intravenosa
(Direta) + intra-arterial
- intramuscular
- subcutânea
- intradérmica
- intracardíaca
TÓPICA - dérmica
(Indireta) - conjuntival
OUTRAS - inalatória
- intratecal + peridural
+ subaracnóidea
- intraperitoneal
- intra-articular
¶ Via oral
É a mais usada, a mais conveniente e a mais econômica. Os medicamentos dados por v.o. podem ficar retidos na boca e serem absorvidos pela mucosa oral, ou serem deglutidos e absorvidos pela mucosa gastrintestinal. Substâncias irritantes não podem ser dadas por v.o. pelo efeito emético.
Está contra-indicada em pacientes em condições inadequadas como vômitos, síndrome de má absorção e inconsciência.
A absorção de substâncias pelo TGI é em sua maior parte explicável em termos de simples difusão de formas lipossolúveis não ionizadas. Mas ocorre também transporte ativo de certas substâncias, como glicídios, íons inorgânicos e orgânicos, etc. O epitélio é pouco ou nada permeável às formas ionizadas das drogas.
Além das propriedades dos fármacos, influenciam sua absorção outros fatores como o esvaziamento gástrico. Pode-se esperar que alterações no esvaziamento gástrico tenham efeitos opostos na absorção de ácidos fracos e bases fracas por causa da diferença de pH no estômago e no intestino. Mas, por causa da grande superfície de absorção a partir do intestino, a absorção da maioria dos medicamentos é reduzida se o esvaziamento gástrico é retardado.
Também afetam a absorção de uma substância a sua solubilidade nos líquidos gastrintestinais e a concentração da solução administrada. A absorção pode ser retardada ou diminuída se a substância ingerida é instável no líquido gastrintestinal ou se ela se torna ligada a alimentos ou outros conteúdos do TGI.
Exemplos |
Vantagens |
Desvantagens |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
· Via sublingual
Permite absorção rápida pela mucosa oral de vários medicamentos. Pode ser alcançada uma concentração medicamentosa mais elevada no sangue do que quando a absorção ocorre em porção mais baixa do TGI, porque é evitado o metabolismo de primeira passagem pelo fígado, e porque não há interação da droga com o suco gástrico, nem formação de complexos com os alimentos.
Exemplos |
Vantagens |
Desvantagens |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
¸ Via retal
Está indicada para pessoas que estejam impossibilitadas de deglutir fármacos (inconsciência ou emese) e quando se deseja evitar o suco gástrico ou a circulação porta. Todavia, a absorção por essa via é com freqüência irregular e incompleta e muitas substâncias causam irritação da mucosa retal.
Exemplos |
Vantagens |
Desvantagens |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
¹ Vias parenterais
Em alguns casos esta via é essencial para a droga ser absorvida de forma ativa; a absorção é geralmente mais rápida e mais previsível, sendo que a dose eficaz pode ser acuradamente selecionada. Nas emergências esta via é muito útil. Em pacientes inconscientes, incapacitados de reter qualquer coisa na boca ou naqueles que não cooperam esta via é uma necessidade. As desvantagens apresentadas por esta via são inúmeras também. Para evitar infecções devemos manter assepsia estrita; injeções extravasculares não intencionais podem ocorrer; o paciente pode apresentar dor; há dificuldade de automedicação. A terapia parenteral é também mais cara e menos segura que a v.o.
º Via venosa
As drogas em solução aquosa, que não precipitam ou hemolisam eritrócitos podem ser administradas diretamente na circulação por esta via. A absorção por esta via é evitada e a concentração sangüínea desejada é obtida rápida e precisamente, de forma que a ação da droga manifesta-se em seguida. Se a infusão for contínua é possível manter níveis estáveis constantes. Soluções irritantes e hipertônicas só podem ser aplicadas por esta via, já que as paredes dos vasos são relativamente insensíveis e o medicamento dilui-se no sangue, se lentamente injetado. Os perigos apresentados por esta via são reações desfavoráveis, mais propensas de ocorrer do que quando qualquer outra via é usada. Depois de injetado, não há maneiras de retirar-se o medicamento; quando usamos a via subcutânea a absorção pode ser interrompida pela oclusão do retorno venoso a partir do ponto de injeção.
As injeções repetidas dependem de veias potentes. Há riscos da própria técnica, por isso, a agulha deve ter bisel afiado e curto e devemos evitar a transfixação da veia. A introdução da agulha deve ser por uma extensão mínima de 1 cm e, em infusões demoradas a agulha deve ser mantida firme com esparadrapo. Sendo assim, as aplicações intravenosas têm indicações específicas. Não é apropriada para medicamentos oleosos e de depósito.
Exemplos |
Vantagens |
Desvantagens |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
» Via arterial
Algumas vezes o fármaco é injetado diretamente em uma artéria a fim de localizar seu efeito em um local ou órgão em particular. Agentes antineoplásicos são aplicados dessa maneira às vezes para tratar tumores localizados. Esta aplicação requer grande cuidado e deve ficar sob a responsabilidade de especialistas.
¼ Via intramuscular
Injeta-se a droga profundamente no tecido muscular. As drogas em solução aquosa são rapidamente absorvidas. Podemos dissolver ou suspender substâncias em óleos o que faz sua velocidade de absorção ser mais lenta e uniforme. Substâncias de baixa solubilidade são também lentamente absorvidas a partir desta via. As substâncias levemente irritantes que não podem ser aplicadas pela via subcutânea podem ser injetadas no músculo.
Exemplos |
Vantagens |
Desvantagens |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
½ Via subcutânea
Usada apenas para drogas não irritantes dos tecidos, do contrário pode ocorre formação de escaras. A velocidade de absorção após injeção subcutânea de uma substância é com freqüência uniforme e lenta, de modo a prover efeito razoavelmente constante. A velocidade de absorção pode ser variada por diferentes técnicas. A injeção subcutânea de uma substância em um veículo no qual ela é insolúvel; a adição de um agente vasoconstritor e substâncias sob a forma de cápsulas (sólidos implantados sob a pele) provocam absorção mais lenta do fármaco. Bombas mecânicas programáveis também podem utilizar esta via.
Exemplos |
Vantagens |
Desvantagens |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
¾ Via intradérmica
É pouco distensível, suportando volume de 1 cm no máximo. É usada para testes de sensibilidade e vacinas.
Exemplos |
Vantagens |
Desvantagens |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
¿ Via intracardíaca
Uso exclusivo para manobras de reanimação cardíaca (injeção direta de adrenalina). Há riscos de perfuração pulmonar com pneumotórax, injeção na própria parede cardíaca e distribuição de vasos coronarianos.
¶¶ Via dérmica/transdérmica
Como a pele é coberta por queratina torna-se difícil à penetração da droga através da pele intacta. Para que ocorra absorção são necessários procedimentos que facilitem a penetração, como fricção e o uso de substâncias queratolíticas ou oclusão. Para o fornecimento contínuo de medicamentos, em baixas concentrações plasmáticas, são utilizados adesivos (emplastros). A velocidade de absorção varia com as características físicas de pele. A via é cômoda mas, eventualmente, a estética do procedimento é discutida.
Exemplos |
Vantagens |
Desvantagens |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
¶· Via conjuntival
Não é usada para se obter níveis sistêmicos. Não absorve muito porque a área de absorção é muito pequena. Geralmente são usados colírios, ungüentos e vasoconstritores. Há riscos de irritação, contaminação, ulceração de córnea por vasoconstrição ou pela perda de reflexos.
Exemplos |
Vantagens |
Desvantagens |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
¶¸ Via inalatória
Gases e drogas voláteis podem ser inalados e absorvidos através do epitélio pulmonar ou pela membrana mucosa do trato respiratório e assim atingem a circulação rapidamente. Pós são eventualmente aspirados para que se depositem na mucosa nasal de onde são rapidamente absorvidos (via intranasal). Soluções de drogas podem ser atomizadas e pequenas gotas inaladas no ar (aerossol); as partículas da névoa para chegarem ao pulmão devem ter tamanho menor do que 5 micra. As vantagens do método são a quase instantânea absorção de uma substância e quando presente uma doença pulmonar, aplicação local da droga no sítio patológico. As desvantagens são a pouca capacidade de regulação da dose, métodos de aplicação incômodos e o fato de que muitas substâncias gasosas e voláteis provocam irritação do epitélio pulmonar.
Exemplos |
Vantagens |
Desvantagens |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
¶¹ Via intra-tecal
Quando se desejam efeitos locais rápidos de drogas na região das meninges ou no eixo cérebro-espinhal, como nas infecções agudas do SNC, os medicamentos são injetados diretamente no espaço sub-aracnoideo. Nos bloqueios centroneuroaxiais (anestesia raquidiana) o anestésico pode ser injetado tanto pela via subaracnoidea como no peridural, dependendo da necessidade, resultando em bloqueio simpático e motor e analgesia sensitiva no plano desejado. A anestesia peridural necessita de volume maior de anestésico, que produz efeitos sistêmicos. A anestesia subaracnoidea requer volume pequeno de anestesia local, sem efeito sistêmico, mas pode ocasionar cefaléia pós-punção.
Exemplos |
Vantagens |
Desvantagens |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
¶º Via intraperitoneal
A cavidade peritoneal oferece grande superfície de absorção a partir da qual as substâncias entram rapidamente na circulação. A absorção se faz melhor através do peritônio visceral; parte da droga passa pelo fígado e sofre metabolização antes de atingir a circulação sistêmica. A injeção i.p. é comumente utilizada em experimentação animal, mas raramente usada na clínica. Há perigos de infecção e formação de aderências. Esta via pode ser usada em pacientes com insuficiência renal que necessitam de diálise.
Exemplos |
Vantagens |
Desvantagens |
|
|
|
|
|
|
—————