PRINCIPAIS DISTURBIOS DA APRENDIZAGEM

08/05/2011 21:14
 





 

 

 

 

 
 
 
 
Hoje escutamos tanto e tão banalmente adultos se rotulando e rotulando crianças que apresentam qualquer dificuldade (digamos, humanas) em aprender ou realizar qualquer atividade que é lamentável o quanto isto acaba alimentando uma crença de que aquele indivíduo possui determinado traço deficiente na aprendizagem por algum problema que sequer representa algo perto de grave.

Sempre acreditei que um diagnóstico transmitido a um paciente leigo muito pouco ou de nada ajuda em sua recuperação. O problema é ainda mais grave quando o paciente sequer apresenta um transtorno qualquer e um profissional da área ou um leigo que procurou se informar sobre o diagnostica e produz um efeito de fazer conhecer sintomas que serão produzidos inconscientemente em cadeia para sinalizar uma patologia.

Alguns conceitos como dislexia e hiperatividade se popularizaram tanto ao ponto de serem ditos a qualquer criança sem o menor cuidado ou para justificar qualquer comportamento que não se encaixe nos exatos padrões exigidos. Portanto... no intuito de informar apenas, passo alguns conceitos que para serem aplicados sempre precisam ser avaliados caso a caso.
Dislexia: apesar de o termo ter-se popularizado entre leigos que a descrevem para muitos tipos de dificuldade de atenção, ela na realidade é bem específica e pode ser causada por fatores que vão desde hereditariedade até alterações nos cromossomos 6 e 15, alterações nos hemisférios cerebrais, passando pela anoxia perinatal. Portanto é distúrbio que precisa de avaliação e tratamento multidisciplinar ou seja, envolvendo várias áreas e precisa deixar de ser banalizado como ocorre agora, quando qualquer indivíduo que troque letras pode ser diagnosticado como disléxico, sendo que a verdadeira dislexia não faz apenas trocar letras.
O cérebro do disléxico não identifica nem codifica os sinais gráficos que caracterizam as letras, por isso tanta dificuldade na aquisição da leitura e escrita. A criança disléxica apresenta sérias dificuldades com a identificação dos símbolos gráficos no início da sua alfabetização, o que acarreta fracasso em outras áreas que dependem da leitura e da escrita. As principais dificuldades são:
- demora a aprender a falar, fazer laço, a reconhecer as horas, a pegar e chutar bola, a pular corda;
- escrever números e letras correspondente, ordenar as letras do alfabeto, meses do ano e sílabas de palavras compridas, distinguir esquerda e direita;
- atrapalha-se ao pronunciar palavras longas;
- dificuldade em planejar e fazer redação.

Disgrafia: É a dificuldade na aquisição da escrita. O indivíduo fala, lê, mas não consegue transmitir informações visuais ao sistema motor, resumindo lê, mas não escreve, além de ter graves problemas motores e de equilíbrio. Na maioria dos casos, está ligado a distúrbios neurológicos. O balé clássico desenvolve o equilíbrio e a letra cursiva, o uso de macro espaços ajuda a desenvolver a escrita nestes indivíduos.

Os principais erros da criança disgráfica são:
- apresentação desordenada do texto;
- margens malfeitas ou inexistentes;
- traçado de má qualidade: tamanho pequeno ou grande, pressão leve ou forte, letras irregulares ou retocadas;
- distorção da forma das letras 'o' e 'a';
- movimentos contrários ao da escrita convencional;
- ligações defeituosas de letras na palavra;
- irregularidades no espaçamento das letras na palavra;
- direção da escrita oscilando para cima ou para baixo;
- dificuldade na escrita e no alinhamento dos números na página.

Desordem de déficit de atenção:Geralmente não tem ligação com disfunções neurológicas e não deve ser confundida com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. O DDA caracteriza-se por baixo desempenho escolar, deficiência ou ausência de memória ou ainda tendo aprendizado satisfatório, o indivíduo pode ser disperso, desatento, meio alienado ou alternando hiperatividade com alienação.
O tratamento, entre outras atividades, inclui jogos de memória, xadrez, ditados aliados a objetos, nunca só auditivos. O tratamento clínico é multidisciplinar.
Discalculia: É distúrbio neurológico com causas diversas, que envolve o orgânico e psiconeurológico. Pode ser causada pelos fatores já descritos e caracteriza-se pela dificuldade ou incapacidade para reconhecer e codificar sinais numéricos/geométricos e total inabilidade para quaisquer cálculos matemáticos. Neste caso, é preciso distinguir o distúrbio das falhas do ensino, pois os métodos usados por boa parte das escolas é ultrapassado e ineficaz.

Limitrofia: Anomalia do sistema nervoso causada por anoxia perinatal ou síndromes não identificadas. Caracteriza-se por dificuldades de concentração, falta de equilíbrio e/ou coordenação motora, problemas de articulação para fala e dificuldades na aquisição de leitura. Há também uma certa alienação, por vezes o indivíduo parece se bastar a si mesmo, não se relaciona com colegas, brinca sozinho e tem dificuldades em expressar-se. Importante frisar que a Psicopedagogia parece ignorar totalmente este distúrbio, deixando-o sob responsabilidade da Neurologia e/ou Psiquiatria, quando correto seria unir conhecimentos destas e outras áreas para melhor tratar estes pacientes.
Hiperlexia: é o contrário da dislexia. Crianças com aprendizado acelerado de leitura/escrita, podem até se auto alfabetizar e tornarem-se auto didatas, com excelente memória e capacidade para cálculos complicados. No entanto, quase sempre são hiperativas, têm dificuldades de relacionamentos, abandonam a escola tradicional muito cedo por não adaptarem-se aos métodos usados, têm mais facilidade no aprendizado cinestésico (experimentação) e apresentam impaciência, impulsividade, agressividade, incapacidade para prestar atenção a qualquer ensinamento. Ao contrário do que os pais imaginam, terem produzido um gênio, devem conscientizar-se de que este tipo de criança precisa de tratamento tanto quanto a criança disléxica.
Autismo infantil: O autismo infantil caracteriza-se por uma interiorização intensa. Teorias interpessoais e orgânicas foram sugeridas para explicar o autismo, mas até agora nenhuma delas foi plenamente aceita.
Características da criança autista:
- solidão em grau extremo e evidente na mais tenra idade;
- ausência de sorriso social;
- não desenvolve linguagem apropriada, repete frases;
- arruma seus objetos sempre da mesma forma e, mesmo que fique sem vê-los durante um tempo, lembra-se da sua posição;
- possui excelente memória: decora facilmente poesias, canções, aprende sempre novas palavras;
- não mantém contato visual com as pessoas;
- demonstra ansiedade freqüente, aguda, excessiva e aparentemente ilógica;
- possui hiperatividade e movimentos repetitivos, com entorpecimento nos movimentos que requerem habilidades;
- é retraída, apática e desinteressada, numa total indiferença ao ambiente que a rodeia;
- demonstra incapacidade para julgar.

Hiperatividade: O indivíduo possui atividade psicomotora excessiva, com padrões diferenciais de sintomas. O hiperativo com comportamento impulsivo é aquele que fala sem parar e nunca espera por nada; não consegue esperar por sua vez, interrompendo e atropelando tudo e todos. Porque age sem pensar e sem medir conseqüências, está sempre envolvida em pequenos acidentes, com escoriações, hematomas, cortes. Um segundo tipo de hiperatividade tem como característica mais pronunciada sintomas de dificuldades de foco de atenção. É uma superestimulação nervosa que leva este paciente a passar de um estímulo a outro, não conseguindo focar a atenção em um único tópico. Assim, dá a falsa impressão de que é desligada mas, ao contrário, é por estar ligada em tudo, ao mesmo tempo, que não consegue concentrar-se em um único estímulo, ignorando outros. Criança hiperativa é aquela que nunca pode parar, que está sempre agitada, que não consegue permanecer sentada, imóvel.
 
FONTE: https://psiqueesexualidade.blogspot.com/search/label/aprendizagem
 

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